E
parecia apenas mais um ato, o cenário todo armado, personagem, falas
prontas, o figurino impecável, o público ansioso, então as
cortinas se abrem...
De
frente para o público, sentada em uma cadeira a atriz protagonizava
um monólogo dramático... Palavras cruas, gritadas, outras cheias
de raiva, movimentos exatos, a voz rouca, olhos lagrimejando,
histórias reais, mentiras, brigas, amantes, abandonos, desencontro,
mentiras...
No
palco, as palavras e sensações eram postas de tal forma, que o
público boquiaberto, arrepiava-se a cada suspiro da atriz, alguns
ate mesmo sofriam com ela, outros criavam em suas mentes desfechos
mais confortáveis e, ainda aqueles que ansiosos demais para
descobrir o final daquilo tudo, mal ouviam o que era dito.
E
como numa boa peça, ao fim as cortinas se fecharam e o púbico
aplaudia em pé pedindo para que ela se apresente outras vezes...
Ainda
ouvindo os aplausos, foi para seu camarim, tirou a maquiagem, o
figurino e voltou a ser quem de fato ela era...
E
aquilo tinha tudo para ser uma boa peça, tinha tudo para SER uma
peça, era uma ótima história, uma ótima atriz, tinha um público,
drama, mentiras...
Mas,
eu nem se quer usei maquiagem ou troquei de roupas, eu atuei de cara
limpa, encenei minha própria história para apenas uma pessoa da
platéia, citei mentiras como se fossem reais, fechei as cortinas,
sai do teatro, desisti dos palcos, sai de cena para que meu público
assistisse peças mais intensas, mas, nem por isso menos
mentirosas...
Só quem assistiu pode saber...
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