terça-feira, 30 de julho de 2013

O último ato

E parecia apenas mais um ato, o cenário todo armado, personagem, falas prontas, o figurino impecável, o público ansioso, então as cortinas se abrem...

De frente para o público, sentada em uma cadeira a atriz protagonizava um monólogo dramático... Palavras cruas, gritadas, outras cheias de raiva, movimentos exatos, a voz rouca, olhos lagrimejando, histórias reais, mentiras, brigas, amantes, abandonos, desencontro, mentiras...

No palco, as palavras e sensações eram postas de tal forma, que o público boquiaberto, arrepiava-se a cada suspiro da atriz, alguns ate mesmo sofriam com ela, outros criavam em suas mentes desfechos mais confortáveis e, ainda aqueles que ansiosos demais para descobrir o final daquilo tudo, mal ouviam o que era dito.

E como numa boa peça, ao fim as cortinas se fecharam e o púbico aplaudia em pé pedindo para que ela se apresente outras vezes...

Ainda ouvindo os aplausos, foi para seu camarim, tirou a maquiagem, o figurino e voltou a ser quem de fato ela era...

E aquilo tinha tudo para ser uma boa peça, tinha tudo para SER uma peça, era uma ótima história, uma ótima atriz, tinha um público, drama, mentiras...

Mas, eu nem se quer usei maquiagem ou troquei de roupas, eu atuei de cara limpa, encenei minha própria história para apenas uma pessoa da platéia, citei mentiras como se fossem reais, fechei as cortinas, sai do teatro, desisti dos palcos, sai de cena para que meu público assistisse peças mais intensas, mas, nem por isso menos mentirosas...

Só quem assistiu pode saber...

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' IMPERFEIÇÕES

Amanhã...

Amanhã sera um outro dia, certamente eu serei mais feliz...